
Depois de 40 anos à frente da grife de moda DIMPUS, que chegou a ter 82 lojas espalhadas pelo Brasil e 20 franquias, Milton Neto não conseguiu superar as várias crises financeiras que assolaram o país- tampouco suportar a sua “desformatação” como ser humano.
Vi que tinha pego a rua errada, me deixei dominar pelo ego e comecei a pensar só empresarialmente.Não tinha tempo para criar”.
Milton, então, resolveu fechar a DIMPUS e foi para a Índia. Bye-Bye festas, desfiles, badalações. Depois de enfrentar alguns problemas de saúde, resolveu pegar a rua certa: uma que levou até a Búzios, onde está morando há quatro. É, de certa forma, uma espécie de aposentadoria, mas Neto continua “quebrando pedra”, só que agora com muito mais tranquilidade. Foi lá que reencontrou sua alma de artista, não no ramo fashion, mas dedicando-se às tintas, num ateliê que montou em casa.
A parte mais difícil foi descobrir uma linguagem. Ele acredita ter definido a sua juntando imagens com a estética dos anos 40 e 50, sempre ligadas ao mar e a moda, encontrando na pintura a óleo o caminho. A técnica mista. Com colagens, também faz parte de seu trabalho e, hoje, 40% de sua renda vem da venda das obras. “ Me encontrei na cidade, ando de chinelos, tenho um grupo de amigos que gosta de arte, me interesso muito por ecologia.É tudo o que preciso, a vida é descomplicada e o SUS funciona muito bem”, frisa.
O artista já fez uma exposição individual e duas coletivas na Contemporânea e Galeria 27, ambas no balneário. Barcos, natureza morta e até Frida Khalid estão presentes em sua obra. Com 4 filhos, um neto e um novo casamento, ele agora se dedica aos remos de madeira de lei que corta e monta, decorando de várias maneiras. “ Eu chamo de rústico chique. Estão fazendo sucesso” comenta.
Texto por Suzete Ache
Trabalhos disponíveis na Galeria:

